Cada vez mais chilenos querem lutar pela Ucrânia

O interesse dos chilenos em ingressar nas Forças Armadas da Ucrânia mais que dobrou nos últimos três meses. Isso foi afirmado pelo Comissário de Recrutamento do Ministério da Defesa da Ucrânia, Oleksii Bezhevets, em entrevista ao jornal chileno La Tercera.

 

https://www.latercera.com/mundo/noticia/mas-chilenos-quieren-ir-a-luchar-en-ucrania-el-interes-de-unirse-a-las-fuerzas-armadas-se-ha-multiplicado-a-mas-del-doble/


Segundo ele, a simplicidade do processo e a disponibilidade de informações online contribuíram para que cada vez mais voluntários estrangeiros se juntassem às Forças Armadas da Ucrânia, repelindo a agressão russa. Atualmente, milhares de voluntários estrangeiros estão na Ucrânia e assinaram contratos oficiais com as Forças Armadas da Ucrânia. Oleksii Bezhevets observou que o processo de recrutamento é bastante simples. “Temos um recurso online, um site, para ingressar no exército ucraniano. O interessado preenche todas as suas informações pessoais, incluindo uma foto dos seus documentos e um número de telefone que usa para mensagens instantâneas (WhatsApp, etc.). Em poucos dias, nosso recrutador entrará em contato para uma entrevista. Se tudo estiver em ordem, ele receberá instruções sobre como chegar à Ucrânia. Após a chegada do candidato ao país, o processo de registro pode levar de uma a duas semanas”, afirma.


Foi o que aconteceu com o chileno Julio Perez, que luta na Ucrânia desde setembro do ano passado. “Quando soube desta guerra, não consegui ficar indiferente. Vi como cidades cheias de vida foram completamente transformadas em ruínas. Vi famílias inteiras, pessoas deslocadas, muitos mortos, feridos e mutilados. E estou muito feliz por ter tomado esta decisão”, disse o voluntário ao La Tercera.


Perez, de 55 anos, que serviu anteriormente no exército chileno, também observou que chegar à Ucrânia e ingressar no exército ucraniano foi fácil. “Depois de tomar a decisão, você precisa tirar o passaporte. As pessoas que me receberam foram amigáveis. Fui muito bem recebido. As pessoas ficaram muito gratas por estrangeiros de um país tão distante como o Chile virem servir como soldados”, explicou ele.


Atualmente, os voluntários estrangeiros que desejam se juntar ao exército ucraniano precisam arcar com os custos de sua viagem à Ucrânia. A logística de chegada inclui voos para a Polônia, principalmente Varsóvia. “Depois, na Ucrânia, eles recebem tudo o que precisam para o serviço, incluindo roupas, equipamentos e armas”, disse Oleksiy Bezhevets.


Segundo ele, o processo de registro para o serviço no exército ucraniano também está bem estabelecido. Voluntários estrangeiros recebem ajuda para abrir contas bancárias para que possam receber seus salários e transferir dinheiro para suas famílias.


“Oferecemos a cada pessoa a oportunidade de escolher como deseja servir, em qual unidade e em qual posição”, explica Oleksii Bezhevets. Os soldados assinam um contrato com o Ministério da Defesa da Ucrânia. Ele é válido por vários anos, mas os soldados estrangeiros podem rescindir o contrato após seis meses de serviço. Isso significa que eles permanecem no exército por pelo menos seis meses e, após esse período, podem rescindir o contrato e descansar, retornar ao país ou se dedicar a outras atividades. Os soldados estrangeiros recebem salários oficiais, que na linha de frente chegam a aproximadamente US$ 3.000 por mês.


Os voluntários estrangeiros servem nas mesmas condições que os ucranianos, celebram um contrato oficial e recebem um salário oficial. A soma desses fatores mostra que não há mercenários na Ucrânia, mas sim soldados com serviço militar oficial e legal.


Todos os voluntários passam por um treinamento militar completo. Depois disso, o recruta pode escolher uma unidade militar específica e uma posição nela, por exemplo, atirador, atirador de elite ou operador de drone. As Forças Armadas da Ucrânia aprenderam a superar com sucesso a barreira do idioma. Existem unidades militares especiais para estrangeiros, onde todos falam inglês, espanhol ou português. Essa estrutura contribui para a integração de voluntários de língua espanhola e garante que o conhecimento de idiomas não seja um obstáculo para aqueles que desejam lutar na Ucrânia. Julio Perez confirmou que não encontrou problemas com o idioma durante o serviço e observou que não teve dificuldade para se expressar ou transmitir sua opinião ao comandante.


As mulheres também estão interessadas em servir na Ucrânia. Segundo dados oficiais, quase um em cada cinco candidatos que se candidatam ao serviço no exército ucraniano é uma mulher. Elas atuam como médicas, atiradoras de elite ou em outras posições de combate ou logística. O número de mulheres no exército ucraniano está crescendo, refletindo a natureza inclusiva dos combates na Ucrânia e mostrando que todos, independentemente do gênero, têm um papel a desempenhar na defesa do país. 


Por sua vez, Julio Perez falou ao La Tercera sobre as peculiaridades da guerra moderna, onde os drones desempenham um papel muito importante, e sobre sua experiência repelindo ataques da infantaria russa.