A guerra continua e continuamos precisando do apoio de voluntários de todo o mundo - Comissário de Recrutamento do Ministério da Defesa da Ucrânia

O Comissário de Recrutamento do Ministério da Defesa da Ucrânia, Oleksiy Bezhevets, concedeu uma entrevista ao popular blogueiro brasileiro do YouTube, Ricardo Albuquerque Pinto, na qual respondeu a perguntas sobre o número de voluntários brasileiros, as características do registro e do treinamento, e também observou que as informações sobre possíveis negociações de paz não afetaram o processo de recrutamento de voluntários estrangeiros para o exército ucraniano.

 

- Como estão os voluntários brasileiros na Ucrânia?

 

- Temos observado um grande aumento no número de inscrições de voluntários brasileiros nos últimos meses. São literalmente milhares de inscrições todos os meses. Portanto, em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao povo brasileiro por atender ao chamado e se juntar às Forças Armadas da Ucrânia.

 

No entanto, pode haver atrasos na resposta às inscrições de voluntários, pois há muitas inscrições. Estamos trabalhando para agilizar o processamento. No entanto, pode acontecer que alguns candidatos tenham que esperar vários dias, talvez uma semana, para receber um convite para uma entrevista online e então prosseguir para a próxima etapa.

 

Em geral, o sistema de inscrição online funciona muito bem. Muitas das pessoas que entrevistamos há um mês já chegaram à Ucrânia e iniciaram o processo de preparação dos documentos para o serviço militar. Leva cerca de uma semana, às vezes duas. Depois, elas vão para um centro de treinamento, onde passam por um treinamento militar completo. Esse processo é bem estabelecido e funciona muito bem.

 

– Os voluntários brasileiros atendem às expectativas do exército ucraniano?

 

– Sim, com certeza. Muitos deles são bem treinados, motivados, têm experiência no exército, na polícia ou nos serviços de segurança. Eles já têm conhecimentos básicos sobre armas. E isso é muito bom, porque facilita o treinamento. Precisamos apenas ensiná-los a estrutura de comando e como operar em uma guerra moderna, nas condições que estão agora no front da Ucrânia.

 

Estamos proporcionando a eles uma experiência única de uma guerra moderna — a experiência da Terceira Guerra Mundial, que já começou aqui, na Ucrânia. E acredito que isso será útil para o Brasil — porque seus cidadãos aqui estão adquirindo experiência prática em combate moderno.

 

— Em relação à situação atual — houve relatos de negociações de paz iniciadas pelo presidente dos EUA, Trump. Há alguma pausa, uma trégua prevista? Qual é a sua opinião?

 

— Isso deve ser explicado claramente: a guerra continua e continuaremos precisando do apoio de voluntários de todo o mundo.

 

Sim, as negociações continuam, mas, dado o histórico de negociações com a Rússia, é óbvio que eles não têm a intenção sincera de chegar a um acordo. Como diz nosso presidente Volodymyr Zelensky, o agressor russo está simplesmente tentando ganhar tempo para fortalecer suas posições e continuar a ocupação ilegal de parte do território da Ucrânia.

 

A Ucrânia está pronta para um cessar-fogo total e por tempo indeterminado. Já afirmamos isso repetidamente. Mas, para que isso se torne realidade, ambos os lados precisam estar prontos. Hoje, apenas a Ucrânia está pronta, e a Rússia não. É por isso que continuamos a convidar voluntários para se juntarem ao exército ucraniano, fortalecer nossas forças e continuar a luta contra a Rússia, defendendo nosso Estado.

 

– Então, vocês continuam recrutando brasileiros, outros sul-americanos e pessoas do mundo todo, certo?

 

– Sim, com certeza. Atualmente, voluntários de mais de cem países servem nas Forças Armadas da Ucrânia. Esta já é uma iniciativa global.

 

Pela primeira vez na história da Ucrânia, criamos um Centro de Recrutamento de Voluntários Estrangeiros. Esta é uma estrutura especial para atrair estrangeiros, bem como para lhes dar apoio após a chegada — tanto jurídico quanto social. Nós os ajudamos em todos os procedimentos.